O clima dos últimos dias tem sido cinzento aqui em São Paulo, o que sempre me traz algum desânimo. Mas o cinza dos últimos anos é o que mais dói. Não se preocupe leitor, este não será mais um de meus textos sombrios e doídos. E isso porque assisti “Yesterday” ontem.
Não revelarei nenhum dos encantos do filme, que são muitos. Quem gosta de boas histórias e de boa música deve assisti-lo, de preferência num cinema daqueles especiais, pequenos, intimistas, como a Sala 3 do Reserva Cultural, onde passei ontem duas horas das mais prazerosas de todos os tempos.
Todos temos a nossa vida prática e obrigatória plena de atividades e escassa de tempo. É assim porque é assim, mas não precisa ser sempre assim. Para além de nossas obrigações temos escapes que a arte nos proporciona, que só dependem de olhos para ver e ouvidos para ouvir. Disposição do coração em sua própria expansão pela expressão artística de outro, verdadeira comprovação da centelha divina que cada um de nós traz dentro de si, confirmando nossa imagem e semelhança com Deus. Se é a oração que coloca nosso espírito em contato com o Senhor, é a arte que coloca o nosso coração ao lado do Dele.
Que me desculpem os radicais, mas minha fé cristã pouco se fundamenta na expectativa da vida eterna. Minha crença não depende em nada do que me espera após minha morte. Minha fé se justifica e se realiza no amor manifesto e proposto por Jesus a cada momento de sua passagem entre nós. Sou cristão porque vivo o hoje, porque faz sentido hoje, agora e todo o tempo. E o amor não depende de um carimbo desta ou daquela religião, deste ou daquele artista, deste ou daquele povo. O amor É. E é porque vem de Deus e por nós se expande, qualquer que seja a sua forma de expressão.
Ah Beatles! Há quanto tempo me afastei das tuas letras surpreendentes e mirabolantes! Das melodias perfeitas! Tuas canções vão preenchendo o ar que respiro agora e entram em minh´alma iluminando cada trecho escuro e sem sentido daquilo que tenho vivido!
Obrigado John, Paul, George, Ringo. Obrigado por se permitirem ser o que foram e que ainda são para muitos, como para mim agora. Here comes the sun pois afinal, All you need is love.
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